Apagando as brasas

Olhando as fotos do showcase do projeto no Facebook, resolvi escrever umas linhas. Acho que não escrevi o suficiente durante o desenvolvimento do trabalho. Não foi falta de tentativa. Senti que me envolvi tanto, que não achava palavras para expressar os meus sentimentos. As fotos ainda me provocam emoção após quase um mês do encerramento. Foi um momento mágico, único, conhecer pessoas tão incríveis que cumpriram um grande desafio com maestria e dedicação.

Um dos pontos altos para mim foi o dia das danças no CTG Fronteira Aberta. A troca foi fantástica, um clima amistoso e interessante. Como gosto das nossas tradições e conheci um pouquinho das tradições escocesas, esperava com ansiedade esse encontro. E não me decepcionei. Fiquei bastante emocionada com tudo o que aconteceu.

E então, o dia final, a apresentação, o showcase. A responsabilidade de ajudar nos bastidores. A dança é a deixa... 10 minutos para arrumar tudo. 200 metros correndo. Sobe, abre o carro, tira o material. Tudo tem que ser colocado no lugar certo - caixa de som, tintas, pincéis, mochila, garrafa, cortinas, flores, paus... e há duas pessoas pra fazer isso. 5 minutos e o povo vem chegando. Tudo pronto. Não, não deu tempo de colocar os pauzinhos debaixo da árvore.. Liga o som, sai, avisa que vai colocar os pauzinhos na árvore, sai correndo, abre o carro, tira os pauzinhos, coloca embaixo da árvore, volta correndo antes de acabar a música para desligar o som... (cadê a garrafa?) Sai correndo, aponta onde ficou a garrafa, volta a tempo de desligar o som. Ufa!

Não consigo assistir a tudo direito. Também não apareço na frente do público. Não importa. Faço o possível para que os responsáveis maiores pela apresentação consigam efetivá-la a contento. E creio que foi o caso. Ganhar a confiança do grupo não é fácil, mas, uma vez conseguida, não tem preço. Isso importa.

Gosto de pensar que o projeto transformou a cidade. Pode não ser verdade, ou pode ser exagero, mas tenho certeza de que, naqueles dias em que um grupo de forasteiros perambulou pela fronteira fazendo coisas estranhas, alguém abriu um sorriso, alguém sentiu algo diferente, alguém teve uma experiência incomum.

Encerro com os olhos marejados. Como eu disse para o grupo na avaliação de encerramento, esse trabalho pode não ter mudado a minha vida profissional, mas certamente um pedacinho de cada um vai ficar aqui dentro mantendo aqueles momentos inesquecíveis. As brasas não vão se apagar.

Gracias, Fronteiras Theatre Lab, pela oportunidade.